domingo, 13 de julho de 2014

Referências (arre!!!)

  • RAYMOND, Marcel. De Baudelaire ao Surrealismo. São Paulo: Edusp, 1997
  • REBOUÇAS, Marilda de Vasconcelos. Surrealismo. São Paulo: Editora Ática, 1986
  • MICHELI, Mario de. As Vanguardas Artísticas. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2004
  • TUR, JuanRamón Triadó; RODRIGUEZ, Margarita Perera. Dalí. São Paulo: Girassol Brasil Edições, 2007

O carnaval do Arlequim

1925, óleo sobre tela 
Juan Miró 

A obra um espaço com um janela que até então são elementos convencionais. No entanto, o que chama a atenção na obra “O Carnaval de Arlequim” de Joan Miró são os elementos um tanto estranhos e de naturezas distintas como globos que parecem ser planetas, instrumentos e animais. Os elementos que podem ser observados na pintura, podem ser considerados elementos carnavalescos como instrumentos musicais, enfeites coloridos, música e danças, pois os animais que parecem estar dançando. Além do colorido que é um elemento forte no quadro como também no carnaval. Um dos globos é representado com sua face divida ao meio , uma que é mais clara com a cor azul e outra que está escurecida com a cor vermelha; talvez, a intenção de Joan Miró, em dividir a face em dois sentimentos distintos pode ser relacionado ao carnaval que trás muitas alegrias mas também muitas tristezas por focar apenas na alegria e esquecer do mundo ao redor. Arlequim, palhaço que dá nome a obra, possui rosto redondo, olhar triste e nervoso e uns bigodes grandes e ridículos. Porém Arlequim, sujeito que da nome a obra, não é representado na pintura.

Celebs

1921, óleo sobre tela 
125,4cm x 107,9cm 
Londres: Tate Modern 
Max Ernst 

Segundo A obra que foi apelidada como O Elefante Celebs, representa a ideia que Max Ernst tem da infância Esta obra se relaciona com as técnicas de colagem, inventada por Max. Pelo fato de que os objetos que formam o elefante não são de mesma natureza. O formato de celebs o elefante lembra um tanque de guerra, como podemos observar que o corpo e a cabeça do animal se juntam.O objeto mecânico em suas costas aparenta ser a torre de canhão de tanque. Os chifres do elefante brancos e limpos se relacionam com ossos de pessoas mortas em campos de guerra. A tromba do animal foi pintada diferentemente do resto do corpo. Porém com a mesma cor. Enfatizando que ela é um objeto estranho. Tanques não tem trombas, e elefantes tem, portanto a tromba está diferente ressaltando isso.

A Persistência da Memória ou Relógios Moles

1931, óleo sobre tela 24 X 33 cm 
Nova York: Mudeu de Arte Moderna 
Salvador Dalí 

Segundo o livro de Salvador Dalí os relógios moles representam o mundo do sonho e do inconsciente. Dalí afirma que o fato de o relógio estar duro ou mole não tem importância desde que ele marca a hora exata. A moleza se contrapõe a grandeza das rochas do Cabo de Creus e a paisagem natural que se prolonga pela quadro de uma forma estranha e rígida da plataforma marinha. O tempo existe apenas em nosso mundo organizado e consciente, portanto a noção de tempo não existe no mundo do sonhos. Mesmo assim, em nossas vidas, a percepção do tempo é subjetiva. Podendo deformar-se ou contrair-se. É o que expressam os relógios moles e dobrados, o tempo surrealista. É possível ver o rosto do Grande Masturbador que se metamorfoseia com um cavalo selado com um dos relógios moles. Dalí continua pintando suas obsessões. É possível ver um relógio cheia de formigas, considerado por ele um animal repugnante. E uma mosca que passou a ser uma obsessão de Dalí devido à um Milagre de São Narciso. Quando Gala viu a pintura disse a Dalí que ninguém poderia esquecer desta obra depois que a visse.

O Grande Masturbador


1929, óleo sobre tela 
110 X 150 cm 
Madri: Museu Nacional Reina Sofia 
Salvador Dalí 

A pintura de “O grande Masturbador", de Dalí, é considerada o ponto máximo das suas obsessões. Fase em que Dalí pintava suas obsessões: o gafanhoto, as pedras-confeitos, o leão, as formigas e os caracóis. Pois considerava o gafanhoto, a formiga e o peixe melado os animais mais repugnantes devido a considerá-los diabólicos. Essa fobia que Dalí adquiriu na infância mas que foi superada. O que parece ser uma rocha, é um grande autorretrato de Dalí. Em que o nariz se apoia no chão, que é sustentada somente por um ponto. A obra reúne a sensualidade por mostrar um casal em momentos íntimos e angustia por aparecer animais repugnantes. Os olhos fechados significam o sonho, na boca um gafanhoto cheio de formigas e logo abaixo um casal durante o beijo. Do grande autorretrato surge um rosto feminino representando a doçura que se aproxima castamente de seu amante. No entanto a face do leão representam a libido, o desejo e a satisfação do prazer. A coluna com pedras caracóis demonstram a obsessão de Dalí pelo equilíbrio, que se contrapõe ao delírio.

Golconda


1953, óleo sobre tela 
René Magritte 

      A obra recebe o nome de “Golconda” por um amigo de Magritte, que foi a uma maravilhosa cidade localizada na Índia. A pintura se caracteriza por uma chuva de homens. Pode-se observar que todos estão vestidos da mesma forma, com sobretudos pretos, chapéus de coco e “caindo” na mesma posição. Com esta chuva de homens, Magritte quis; talvez representar a multidão, pois quando pensamos em uma multidão, não pensamos em uma única pessoa. Devido a isso, todos estão vestidos de forma igual, reforçando assim a ideia que em uma multidão todos parecem ser iguais. No entanto, na vida, todos são diferentes vistos de uma forma mais próxima. E acredito que esta é a mensagem que o artista quis passer. Em seu relato sobre a obra, René Magritte diz que este homem de chapéu de coco é o Sr. Normal no seu anonimato. E este chapéu é uma peça nada original. Termina dizendo que ele também usa um chapéu destes, que também não tem vontade de se destacar das massas.

O sono


1937, óleo sobre tela 
Salvador Dalí 

Esta obra de Dalí demonstra, como o próprio nome já diz, o sono. Apoiando-se em onze muletas. O rosto pintado não se trata de um autorretrato, como em o “Grande Masturbador”, e sim da representação do colapso que acontece durante o sono, sendo grande, mole e sem corpo, aspectos que podem ser visualizados em inúmeras obras de Salvador Dalí. O céu azul e limpo é característica visualizada em nossos sonhos. E segundo os surrealistas temos o domínio do inconsciente durante o sono. Sendo assim o surrealismo buscava o absurdo, aquilo que não existe no mundo real. A fragilidade do estado do sono é representada pelas onze muletas, sugerindo que se alguma delas faltasse, o grande rosto acordaria, por isso é necessário equilíbrio durante o sono e podemos perceber que o rosto que está dormindo está em equilíbrio.

Retrato de Gala com duas Costelas de Cordeiro em Equilíbrio sobre seu Ombro

1933, óleo sobre painel
18 X 14 cm
Figueras: Fundação Gala – Salvador Dalí
Salvador Dalí

      Na obra Dalí pintou sua esposa, Gala, com uma expressão feliz e tranqüila, pois foi pintado a partir de uma fotografia em que Dalí a abraçava carinhosamente. Porém, ao contrário da fotografia, na pintura, ao invés de Dalí estar abraçando-a, ele desenha no lugar de seu ombro um par de costelas, como se fosse uma transmutação.
      Seu desejo por Gala despertou-lhe uma obsessão gulosa que acabou se tornado uma de suas maiores características no movimento surrealista: a relação entre o erotismo, o amor e o comestível.
      Neste retrato, Dalí expressou seu amor por Gala e dizia que havia pintando-o naquele modelo pois a queria tanto, mas tanto que desejava comê-la, mas se conformaria em comer apenas suas costelas. Com isso, estabelecia uma analogia com aqueles sacrifícios que não chegaram a nada, como o de Abraão e Isaac e o de Guilherme Tell e seu filho.
      O quadro mostra ao fundo de Gala, uma porta, uma janela e um poço, talvez onde Gala e Dalí viviam durante suas vidas juntas. O quadro mostra tons de verde, azul, amarelo, bege e um toque de vermelho nas costelas equilibradas no ombro de Gala.

O Jogo Lúgubre

1929, óleo e colagem sobre o cartão
44,4 X 30,3 cm
Coleção Particular
Salvador Dalí

      Na obra “ O Jogo Lúgubre”, o pintor tenta representar seus medos e, ao mesmo tempo, criar algo encantador aos olhos de todos os admiradores do Surrealismo, como por exemplo a utilização da colagem e de outros tons de cores, pouco utilizados nas outras obras, como o vermelho e o verde, e pelo o que os artistas da época diziam, ele fez isso como ninguém.
      Na obra, ele usa toda sua ousadia ao mostrar cuecas sujas, sem nenhuma preocupação com as pessoas que iam contra o movimento surrealista, e a até mesmo a favor do que do que pensariam ao seu respeito. Pintou além das cuecas sujas, leões e gafanhotos, elementos que causavam grande angústia no autor da obra. Ao mesmo tempo mistura partes de corpos humanos nus mostrando mais de sua ousadia, e dando um toque de sensualidade, característicos a obra.
      A conta com a utilização de cores vibrantes e tons mais escuros, para dar efeito de ao mesmo  tempo representar os medos, representar os desejos do pintor. Além das sobreposições de imagens que lembram um pensamento confuso, onde uma coisa sobrepõem a outra, o que também nos lembra que representa sentimentos humanos. Esta obra foi o principal motivo de Dalí ser considerado o pintor mais escatológico, iconoclasta e sacrilégio da época, o que lhe orgulhava muito.

O Homem Invisível

1929, óleo sobre a tela
143 X 81 cm
Madri: Museu Nacional Reina Sofia
Salvador Dalí

    Com a pintura de “O Homem Invisível”, Dalí começou a experimentar as imagens de dupla figuração. É uma personagem pintada, segundo ele, “com os mais severas exorcismos e terrores” (VENEZIA, Salvador Dalí) encerrada nas investigações do pintor maneirista Arcimbold.
      Nas imagens de dupla figuração, Dalí aplicou também seus conhecimentos sobre a teoria psicológica da Gestalt, concretamente no que se refere à relação figura-fundo, um jogo visual em que as imagens podem conter, portanto é indispensável a participação do expectador.
      Na obra podemos notar cores claras, porem chamativas, com muito azul e amarelo. Também notamos elementos como animais, como cavalos e leão, muita água, areia e como de praxe aparecem diversos corpos nus em varias posições e ângulos.
       A obra “O Homem Invisível” foi feita durante os anos 1929 até 1933 (5 anos).

O grande Paranóico

1936, óleo sobre tela
62 X 62 cm
Roterdã: Museu Boymans – Van Beuningen
Salvador Dalí

      Na obra “ O Grande Paranóico”, o autor tentou representar, como o próprio nome diz, o lado paranóico da humanidade, representar todo o medo, o desespero, o pânico e a angústia que podemos sentir.
      A obra apresenta uma mistura de tons escuros e principalmente da cor marrom, para expressar melhor todo o pavor na tela. Dalí fez questão de desenhar todas as pessoas com a cabeça baixa e tristes, para demonstrar que toda esta paranóia que as pessoas sentem faz com que fiquem tristes.
      Podemos perceber também que ao lado das pessoas parece haver um grande penhasco, onde algumas pessoas parecem estar prestes a cair. Além disto, no fundo da imagem vemos uma representação de um rosto triste, como uma mascara. Segundo alguns especialistas, Dalí desenhou sua mulher, Gala, andando de costas elegantemente ao lado do penhasco, talvez para representar que ela era imune a toda aquela paranóia, ou talvez apenas
para colocar algum elemento com sensualidade na obra.

Espanha

1938, óleo sobre tela
91,8 X 60,2 cm
Roterdã: Museu Boymans-Van Beuningen
Salvador Dalí

      No quadro “Espanha” Dalí também representa a dor, o sofrimento, o desespero e a angústia da época marcada pela Guerra Civil. 
      Na obra podemos, perceber tons de marrom e amarelo, representando um deserto, o “nada” que fica para as pessoas após uma guerra como esta e uma cidade ao fundo, como se só o que sobrasse fosse algo que estivesse muito distante. Ao fundo da obra, podemos notar pessoas lutando, quase como que em uma dança. Podemos ver, também, ao lado direito da obra, o desenho de um leão, um grande felino, muito comum nas obras de Dalí.
      Há, ainda, a figura de uma mulher bem a frente da pintura, porém seu rosto foi pintado pelo método paranóico-crítico de Dalí e pode ser visto tanto como um rosto de uma mulher a frente de todo o resto da obra, ou como um fundo que se mistura formando algo que mistura formando algo que lembra um rosto feminino. A mulher é desenhada a partir de um combate de Leonardo da Vinci e sua expressão lembra a expressão de uma de suas Madonas. 
      Mas mesmo com esse toque típico de sensualidade nas obras de Dalí, o seu objetivo era
representar principalmente o sofrimento da Guerra Civil Espanhola.

Construção Mole com Feijões Fervidos: Premonição da Guerra Civil

1936, óleo sobre tela
100 X 99 cm
Filadélfia: Museu de Arte
Salvador Dalí

      O quadro de Dalí faz uma referência a toda dor e todo o sofrimento da Guerra Civil Espanhola.
      Podemos perceber no quadro que há feijões espalhados pelo chão, o que dialoga com o nome da obra. Podemos ver também um corpo feminino, completamente desfigurado estrangulando a si mesmo, “A Espanha fascinada pelo horror da autodestruição” como diria o próprio Dalí, era uma comparação com o canibalismo destrutivo presente durante a Guerra Civil Espanhola. O rosto da mulher tem uma expressão triste e ao mesmo tempo sofrida, com muita dor e angustia, sentimentos comuns entre as pessoas que passaram por esse período. A pintura também nos trás muitos tons de marrom para dar um com mais sombrio à obra. 
      Salvador Dalí começou um estudo preparatório para esta obra em 1935, seu objetivo inicial era relatar a dor e angustia causada antes da guerra, numa faze de pré-guerra, mas como a terminou seis meses antes do começo definitivo da guerra e a considerou como sua “Profecia Daliniana” acrescentando em seu titulo a parte da “premonição da guerra civil”.

A Tentação de Santo Antônio

1946, óleo sobre tela
89 X 119 cm
Bruxelas: Museu de Arte Moderna
Salvador Dalí

   Dalí fez esta obra devido à participação de um concurso em que era preciso pintar a tentação de Santo Antônio (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Tenta%C3%A7%C3%A3o_de_Santo_Ant%C3%B4nio_(Salvador_Dal%C3%AD) ). Como na passagem bíblica, Dalí, retrata o Santo sendo tentado repetidas vezes. Este se encontra nu, pelo fato de que nos sonhos estamos desnudos de qualquer privação.
      A tentação do primeiro cavalo, sugere que vai se lançar ao Santo que tenta se proteger apenas com a cruz.
      Logo atrás do cavalo, o elefante traz uma mulher nua em suas costas representando a luxuria, o que dá um ar erótico a pintura. 
      O elefante de Bernini é representado novamente, logo atrás do primeiro elefante e o ultimo animal. Já a torre nas costas do ultimo elefante ultrapassa as nuvens, representando a espiritualidade.
    Os animais são desproporcionais, característica dos sonhos, tendo proporções exageradas enfatizando sua maldade ou o medo do Santo em relação a eles. 
      Abaixo destes seres aparecem duas criaturas pequenas que parecem brigar, suas características se parecem com a se padres. 
      O artista vencedor do concurso ao qual Dalí participou foi Max Ernst.

Vestígios Atávicos Depois da Chuva

1934, óleo sobre tela
65 X 54 cm
New York: Galeria Perls
Salvador Dalí

      Por algum tempo, a imagem de um menino de mãos dadas com o seu pai se tornou quase que uma obsessão para Dalí.
      Nesta pintura, o menino de mãos dadas com seu pai, representa Dalí e seu pai.
     O céu é azul, representando o sonho. A areia ao lado do menino, Salvador Dalí, está quase se encontrando com a rocha branca. E seu pai, acena para a cidade que aparece ao fundo.
    Novamente, aparecem rochas em cima da rocha branca, demonstrando a obsessão de Dalí pelo equilíbrio.
        Novamente, Dalí pinta a muleta que apóia a rocha branca que se apóia também em outra rocha. Estas rochas formam o estranho casal pétreo e logo atrás surgem dois ciprestes. Todas estas representações fazem parte da associação livre que se tem no surrealismo.

Sonho Causado Pelo Vôo de uma Abelha ao Redor de uma Romã um Segundo Antes de Acordar

1944, óleo sobre tela
51 x 40,5 cm
Madri: Museu Thyssen-Bornemisza
Salvador Dalí

      Salvador Dalí representa, nesta obra, uma mulher, neste caso Gala (sua mulher e musa inspiradora) segundo a fonte: http://www.allposters.com.br/-sp/Sonho-Causado-pelo-Voo-de-uma-Abelha-ao-Redor-de-uma-Roma-c-1944-posters_i259720_.htm , dormindo em rochas flutuantes sobre o mar em um belo dia. 
      Segundo Dalí, o ruído da abelha provoca a picada do dardo que provoca o despertar repentino de Gala. A criatividade surge de romã reinventada. E ao fundo o elefante de Bernini leva um obelisco com atributos papais. É importante ressaltar que o elefante está retratado de uma forma surreal, com pernas longas e finas e também com cores. 
      A romã reinventada, em tamanha menor, representa Vênus especialmente pela sombra de coração que ela produz. Símbolo de fertilidade e beleza. Também representa paixão e erotismo.
      Os tigres que saltam de um peixe parecem que irão atacar Gala, é possível perceber diferenças entre os dois animais. Estes animais representam a paixão e violência vital da natureza. Assim tornando a obra erótica.

Exemplos do Surrealismo no Cinema

      Sonhos e imaginações, dos maiores delírios a coisas inexplicáveis, inexistentes e impossíveis, que irão deixá-lo arregalado ao ver com seus próprios olhos. Aspectos, ações e personagens surreais, grandes influências do gênero que irão duelar para que você possa decidir qual é o melhor. Sonhos se tornam realidade, a vida deixa de ser aquele pequeno mundo comum e passa a ser um lugar sem limites para noções de tempo e espaço, um cenário imaginário. Um plano onírico é traçado, onde viajamos pelo nosso inconsciente junto com os autores cineastas e assim como ele próprio o faz. O maravilhoso é belo, o inexplicável e inimaginável é belo. O Surrealismo se deu muito fortemente nas artes plásticas e na literatura, porém o cinema foi (e atualmente continua sendo) um fortíssimo expoente da tendência. Explorando o universo do inconsciente e (para os leigos) do ridículo vide as cenas um tanto sem sentido, o cinema aproxima o espectador da proposta surrealista, já que mostra claramente o que se passa na mente “não controlada” dos cineastas.

“Destino”, uma obra prima do Surrealismo

      O que esperar da coprodução entre Salvador Dalí e Walt Disney de uma obra sobre o amor e o tempo? É o que se vê em “Destino”, um curta surrealista com direto a metamorfoses, cabelo que vira lírios, um homem tentando se desprender de um relógio e muitas outras construções da inconsciente humano que conta a história de Chronos, a personificação do tempo, a procura de seu amor verdadeiro. O traçado é próprio de Walt Disney, porém a característica mais forte da obra é a surrealidade de Dalí objetos “derretendo”, sofrendo mutações, servindo para qualquer função menos para a sua de origem. Também é impressionante o quanto a trilha sonora é cativante, tem uma dinâmica incrível, dá clímax à história, acalma, depois cresce novamente especialmente porque não há falas, ela é a única força de expressão dos personagens, além de seus rostos e gestos. Os seis minutos de loucura e amor são, surrealisticamente, cativantes. 

A recepção, em 2014, do Surrealismo

Seria o Surrealismo arte? O que as pessoas pensam dos quadros dessa tendência aparentemente errada à primeira vista?

      O ser humano é um animal social, precisa se expressar e ser entendido, falar e ser ouvido, desenhar suas opiniões em livros e quadros e ter aplausos calorosos ou vaias árduas. Através do tempo, temos mudado o jeito que nos comunicamos e os canais pelos quais nos exprimimos, o avanço tecnológico e as novas tendências dão vazão à esse tipo de mutação. A partir disso, o homem fez da arte seu mais importante meio de expressão - assim, o caminho que mais se modificou com o passar dos anos. Seja escrita, desenhada ou moldada, a arte sempre acompanhou acontecimentos históricos (revoluções), movimentos sociais e manifestações de quaisquer natureza. De todas as fases experimentadas pela arte, o Surrealismo tenha sido, possivelmente, a mais interessante - por sua aproximação com o plano dos sonhos, a busca do maravilhoso (belo), o uso das ideias de Freud (a psicanálise), e assim, o completo distanciamento da realidade e dos padrões de produção literária. Visando isso, perguntamos à dez pessoas (de idades e trabalhos diferentes) se consideravam três obras - “Sonho Causado pelo Vôo de uma Abelha em Redor de uma Romã, um Segundo Antes de Despertar”, “Vestígios Atávicos Depois da Chuva” e “Espectro do Sex Appel” - do Salvador Dalí - um dos pintores icônicos do movimento - arte.
      Os entrevistados tiveram consistência nas suas respostas, ou todas eram arte ou nenhuma. Os que afirmaram - sete dos dez entrevistados - que as viagens oníricas de Dalí eram arte tiveram porquês muito parecidos, que se resumem em “a arte é obra de expressão, representação, é através dela que o artista manifesta seus desejos, vontades, rebeldia, pensamentos, assim independe se ele fala dos seus sonhos ou da Revolução Francesa, é arte, há algo sendo expresso, e nessas obras há muito do ser de quem as desenhou” - fala de um entrevistado técnico em informática. Os três que disseram que não eram arte os quadros mostrados divergiram um pouco em suas opiniões (curiosamente se encontravam no mesmo lugar). O primeiro, um balconista, afirmou que Dalí é “tão arte quanto políticos são honestos” e que “não tem nada nisso que seja belo ou significativo, é apenas um monte de coisas misturadas sem sentido nenhum”. O segundo entrevistado - um garotinho de nove anos disse - não ser arte por não conseguir entender aquilo, não estava acostumado com “desenhos que não têm árvores, cães, um Sol e algumas nuvens”. O último que discordou com os devaneios de Dalí disse que “a falta de lógica dessas obras faz que não sejam arte, não há o que se admirar, não contradiz nada”. (Todas as opiniões foram dadas posterior explicação do que é Surrealismo e suas ideias).
      A pesquisa se mostrou bastante positiva, 70% dos entrevistados pensavam que as obras surrealistas eram sim arte - e com certeza são pensando em seu impacto, ideário, expressividade e modo de representação. Muito disso vem porque é muito freqüente que nos deparemos com a arte contemporânea nas ruas - em grafites, pichações, bienais, movimentos sociais  - e na internet - com a globalização, que possibilita a aproximação das tendências de diferentes culturas. As intervenções artísticas também têm grande papel na quebra da ideia de que arte é regrada, fixa, com limites e requisitos, mas sim algo livre, com infinitas possibilidades de representação e expressão. É ótimo perceber que grande parte das pessoas está interessada em algo tão importante para a humanidade. O Surrealismo é bastante extremo - se comparado a outras tendências em sua forma de criação, sua aceitação demonstra que ainda há quem pense que a quebra de tabus e a subversão sejam necessárias - em situações específicas, como revoltas e manifestos. Sobre os que discordaram, talvez esses representem a parcela das pessoas que não tem esse tipo de visão (ou que não tem visão alguma, como o pequeno garoto). 
      Em suma, o Surrealismo está muito bem aceito pela população geral. O interesse dos entrevistados e o modo como afirmaram que faz parte da arte é fundamental na sociedade atual, que tanto carece de cultura.

Manifesto do Surrealismo (André Breton - 1924)

Manifesto (em pdf) completo, para o deleite e download de todos os leitores.

Salvador Dalí

      Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech, mais conhecido apenas por Salvador Dalí, nasceu em 11 de maio de 1904 na cidade de Figueres, Espanha. Filho do advogado Salvador Dalí i Cusí e de Felipa Domenech Ferrés, teve dois irmãos, um irmão mais velho também chamado Salvador e uma irmã mais nova chamada Ana Maria.
      Dalí sofreu de uma grande crise de identidade ao longo de toda sua vida, o que explicava sua paixão desde criança por se disfarçar e se fantasiar, e suas constantes atitudes de chamar a atenção. Esta crise de identidade pode ser explicada por dois fatos de sua vida.
      O primeiro, seria o irmão mais velho, Salvador, que morreu de gastrenterite, exatamente nove meses antes do nascimento de Dalí, em 1 de agosto de 1903. O fato é que Dalí sempre se sentiu mal por ter o mesmo nome do falecido irmão e até acusou os pais em suas Confissões Inconfessáveis de terem cometido um “crime subconsciente” ao dar-lhe o mesmo nome. O que agravou mais sua busca por uma identidade foi o fato de seus pais terem colocado uma foto do irmão no seu quarto. Isso o levou a pintar a obra Retrato de meu Irmão Morto (1963). Por outro lado, sua identificação com um morto originou sua obsessão por vermes e aproximo-o do sentimento de putrefato.
      O segundo fato que pode ter influenciado sua crise de identidade é que, segundo fotos conservadas de Dalí pequeno, pode-se observar que o mesmo andava sempre vestido de menina, até o aparecimento de Ana Maria nas fotos. Isso poderia significar uma vontade da sua mãe de ter uma menina, o que também justificaria os problemas com sua sexualidade e a agressividade que manifesta com a sua mãe na obra, O Sagrado Coração (1929). Também poderia esclarecer o título de uma de suas obras, Eu Mesmo, na Idade de 6 anos, Quando Acreditava Ser uma Menina, Levantando com Todo o Cuidado a Pele do Mar para Observar um Cachorro Dormindo à Sombra da Água.
      O lado artístico de Dalí sempre esteve presente em sua vida, desde sua infância. Aos 13 anos, seu pai, aconselhado pelo pintor Ramón Pichor, que havia visto em Dalí um talento nato, matriculou-o na Escola Municipal de Desenho de Figueres. La teve como professor o pintor Juan Núñez. Em 1916, durante umas férias de verão em Cadaquès, passadas com a família de Ramón Pichot, descobriu a pintura impressionista. Pichot era um artista local que fazia viagens frequentes a Paris. No ano seguinte, o pai de Dalí organizou uma exposição dos desenhos a carvão do filho na sua casa de família. A sua primeira exposição pública ocorreu no Teatro Municipal em Figueres em 1919. Em fevereiro de 1921, quando Dalí tinha apenas 16 anos, sua mãe morreu de cancro da mama e seu pai casou-se com a irmã da falecida esposa. Logo depois, em outubro de 1921, Dalí foi viver para Madrid, onde estudou na Academia de Artes de San Fernando. Nesse mesmo ano fez a sua primeira viagem a Paris, onde se encontrou com Pablo Picasso e depois disso nunca mais parou de trabalhar no ramo das artes. 
      Na década de 1930 o artista representava imagens do cotidiano de uma forma inesperada e surpreendente com cores vivas, luminosidade e brilho. Os trabalhos psicológicos de Freud influenciaram muito Dalí neste período e nesta fase foi que pintou uma de suas obras mais conhecidas “A persistência da Memória”, que mostra relógios derretendo. O que o destacou como um dos grandes artistas do movimento surrealista na época. Porém em 1939, foi expulso do movimento por motivos políticos. Os outros artistas surrealistas eram marxistas e justificaram a expulsão de Dalí, alegando que o artista era muito comercial.
      Salvador Dalí teve também trabalhos artísticos no cinema, escultura, e fotografia. Ele colaborou com a Walt Disney no curta de animação Destino, que foi lançado em 2003 e também foi autor de poemas dentro da mesma linha surrealista. 
     Em 1934, Dalí casou-se com uma imigrante russa chamada Elena Ivanovna Diakonova, mais conhecida como Gala. E em 1942, Dalí e sua esposa foram morar nos Estados Unidos, país em que permaneceram até 1948. Voltaram para a Figueres em 1949. Em 1982, com a morte de sua esposa Gala, Dalí entrou numa fase de grande depressão, dois anos depois Dalí tentou o suicídio ao colocar fogo em seu quarto, mas não morreu. Dali morreu na cidade de Figueres, só em 23 de janeiro de 1989, de pneumonia e parada cardíaca.

René Magritte

René François Ghislain Magritte, mais conhecido como René Magritte, nasceu em Lessines, na Bélgica (21 de novembro de 1898). René era o filho mais novo do casal Léopold e Regina Magritte, e em 1912 sua mãe se suicidou mergulhando no Rio Sambre, onde Magritte assistiu tudo. Em 1916, René entra na Académie Royale des BeauxArts, em Bruxelas, instituição onde ele permanece por dois anos. A partir de então ele passa a trabalhar como desenhista em uma fábrica que fazia papéis de parede, e tem seu primeiro encontro com Georgette Berger, que será sua esposa em 1922.
     Em 1922, viu uma reprodução do quadro A canção do amor (1914), do pintor italiano Giorgio de Chirico, que juntava elementos estranhos (como uma escultura clássica e uma luva de borracha) em um ambiente de sonho. Esse quadro teve grande influência no estilo de Magritte. Ele trabalhou também como designer de cartazes e ofertas publicitárias até 1926, quando começou a ficar reconhecido no movimento surrealista. Neste período ele assina um acordo com a Galeria de Artes de Bruxelas. Desde então ele passa a se dedicar exclusivamente à pintura, e pinta sua primeira obra surrealista, Le jockey perdu, e um ano depois realiza sua primeira mostra de arte, a qual não foi muito aceita entre os críticos. No mesmo ano, Magritte e sua mulher se mudaram para um subúrbio de Paris onde o pintor fez amizade com muitos surrealistas, como os poetas André Breton e Paul Éluard, e familiarizou-se com as colagens do artista Max Ernst.
      A arte de Magritte foi caracterizada por imagens enigmáticas e ilógicas, ele tem um estilo muito próprio, o que facilita o reconhecimento de sua arte. Seus quadros são como sonhos, que misturam horror, comédia e mistério. Sua obra é marcada por símbolos como o torso feminino, o chapéu-coco, o castelo, a pedra, a janela. O mar e grandes céus, que o marcaram durante sua infância, estão muito presentes em suas pinturas. No quadro O tempo ameaçador (1928), as nuvens têm a forma de um torso, de uma tuba e de uma cadeira. Em O castelo dos Pireneus (1959), uma pedra enorme, onde se ergue um pequeno castelo, flutua no ar, acima do mar. Outras de suas fantasias marcantes são um peixe com pernas humanas, um homem onde torso é uma gaiola de pássaros e uma imagem masculina com asas, de costas para um leão. Metamorfoses e diferentes noções do espaço, do tempo e de tamanho são comuns em sua obra. 
      Magritte conquista a oportunidade, em 1936, de expor sua obra em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Em 1965 ele volta a mostrar seus trabalhos em uma mostra no Museu de Arte Moderna, e no ano de 1992 suas pinturas são apresentadas no Metropolitan Museum of Art. Na década de 40 ele tende a outros estilos, se aproximando de características impressionistas, mas estes trabalhos não são bem sucedidos. O pintor morreu em 15 de agosto de 1967, vítima de câncer.

André Breton

    
Nascido no dia 19 de fevereiro de 1896 na comuna francesa de Tinchebray, André Breton foi o precursor do surrealismo, o teórico mais importante para a vanguarda. O escritor e poeta é quem reúne amigos artistas (especialmente no ano de 1924, quando publica o “Manifesto Surrealista”) afim de criar algo além do dadaísmo o qual taxava de idealizar a “negação pela negação”.
     Breton teve educação rígida, no Collège Chaptal (escola secundária) começa a se interessar por Charles Baudelaire (poeta simbolista francês). Em 1913, por escolha de sua família, ingressa num curso de medicina - o que o fará residente de medicina durante a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). No ano seguinte, Breton publica poemas na revista “La Phalange”, assim se aproxima de Paul Valéry poeta que influencia Breton nos anos seguintes, principalmente após a “renúncia a escrever literatura, para explorar todas as formas de seu pensamento” (REBOUÇAS, 1996, pág 6).
      Em 1915, Breton é convocado pelo exército francês a entrar na artilharia para a Primeira Guerra, porém é enviado a um hospital em Nantes para trabalhar na área neurológica. Nessa época, começa a mandar cartas ao poeta Guillaume Apollinare - que aproxima Philippe Soupault a Breton. 
    Em 1916, conhece Jacques Vaché - que tinha um menosprezo pela tradição literária e insubordinação contra os valores da sociedade. Ele e a carnificina da guerra fazem com que Breton seja muito influenciado, ali começara o sentimento de mudança que irá florar anos mais tarde.
      No ano seguinte, Breton começa a se aproximar da psicanálise de Freud e com a loucura mental já que fora alocado no hospital psiquiátrico de Saint-Dizier. O precursor do surrealismo vê na loucura mental não só doença, mas também capacidade de criação, novas formas de pensamento.
      Em 1917, volta a Paris e começa a escrever para a revista Nord-Sud. Se aproxima de Soupault e Luis Aragon - que havia conhecido no hospital Val-de-Grâce. Dois anos depois, Jacques Vaché morre, o que afeta muito Breton, que crê ver em Tristan Tzara - preconizador do Dadaísmo - a reencarnação de seu amigo pela sua revolta e aversão à sociedade. No mesmo ano, Breton, Soupault e Aragon criam a revista “Littérature” (que diziam ter a literatura moderna e o menosprezo a “velharias poéticas”).
      Breton e Soupault escrevem, em 1919, o livro “Les Champs Magnétiques”, que apresentava a “escrita automática” - escrita sem premeditação, sem plano, tema ou correções. Esse tipo de escrita procura “a matéria prima da linguagem”, é algo espontâneo (contempla o maravilhoso, a falta de lógica do surrealismo). 
      Em 1920, Tzara chega em Paris, assim manifestações dadaístas são realizadas, e Breton as colabora. Ele, porém, não era de acordo com as ideias Dadá - “espantar os burgueses pode-se tornar desgastante” (REBOUÇAS, 1996, pág 7).
      Em 1922, Breton organiza o "Congresso Internacional para a Determinação e Defesa da Tendências do Espírito Moderno" como forma de fazer o dadaísmo deixar o espírito infantil e reunir diretores de revistas e poetas da época. Tzara sabota o congresso alegando que “Dadá não é moderno”.
      Em 1924, cansado de tantos romances e do Dadaísmo, Breton lança o “Manifesto Surrealista”, no qual fala da nova tendência literária, da escrita automática, do maravilhoso, da crítica à realidade e à razão, da loucura. O manifesto é o marco do início do Surrealismo, e é escrito por Breton por causa de suas amizades com os outros autores apoiadores do movimento.
      Em 1926, conhece Nadya, uma paciente psiquiátrica, que o inspira a escrever “Nadya”, livro no qual fala sobre o acaso, o amor. Em 1927, Breton entra no Partido Comunista Francês (leu o livro de Trotski sobre Lenin) , porém é expulso em 1933. 
      Em 1929, Breton lança o Segundo Manifesto do Surrealismo (no último número da  revista “La Révolution Surréaliste””). Nele, Breton coloca alguns poetas na “lista negra”, entre eles Rimbaud e Baudelaire (a quem antes admirava). Também critica os comunistas por sua visão não tão abrangente do mundo, e critica alguns artistas surrealistas que aderiram à ideologia. Nessa época alguns artistas aderem ao Surrealismo, entre eles Salvador Dalí.
      Na década de 30, o movimento literário se internacionaliza, conferências se realizam em alguns países da Europa e Breton sempre se apresenta nelas. Em 1938, Breton viaja ao México, onde encontrase com Trotski. Juntos escrevem “Por uma arte revolucionária independente” - o que aumenta as divergências entre surrealistas e comunistas.
      Durante a Segunda Guerra Mundial, Breton serviu na ala médica do exército francês, porém foge com ajuda de americanos para os Estados Unidos em 1941. Em 1942, organiza em Nova Iorque a “Exposição Surrealista de Nova Iorque”. 
      Em 1946, volta à Paris, onde continuou o movimento literário com exposições, revistas e poemas. Nesse tempo, o Surrealismo já havia chegado a um nível muito alto de reconhecimento. Em 1966, Breton, com 70 anos, falece em Paris, onde foi enterrado. Na notícia fúnebre, apenas constava “André Breton, 1896-1966, Procuro o ouro do tempo”.
      Bretón foi o mais importante escritor e teórico do Surrealismo, escreveu seus dois manifestos, chefiou a vanguarda (colocando e tirando artistas do movimento) e fez da sua procura pelo maravilhoso uma obra viva.

Max Ernst

      Considerado o “magnífico cérebro assombrado” por André Breton. Max Ernst participou não só do movimento vanguardista Surrealismo como também do Dadaísmo e uma breve fase cubista.
      Nascido em Bruhl, Alemanha em dois de abril de 1891. O pintor alemão, Max Ernst desenvolveu a habilidade da pintura sozinho, copiando os quadros de Van Gogh. Cursou filosofia na Universidade de Bonn, porém, abandonou o curso o curso para dedicar-se apenas a pintura.
      Apesar de ter se alistado na segunda guerra mundial em 1916, Max, nunca deixou de pintar. Ao final da guerra participou brevemente do cubismo. Mais tarde, fundou o manifesto Dada, com a proposta de destruir todos os valores estéticos da época.
      Em 1922, Max mudou-se para França onde mais tarde se naturalizou (1958), juntou-se ao manifesto Surrealista junto com artistas como André Breton, Salvador Dalí e Tristan Tzara. Em sua cidade Natal, Max já havia realizado sua primeira exposição, um ano antes de se mudar para a França. 
      Considerado versátil, Max Ernst, publicou livros de poesia ilustrados, pintou em duas ou três dimensões, criou a técnica de pintura Frottage que consiste em friccionar o lápis sobre uma superfície texturizada e uma obra baseada na técnica da collage em que se juntam imagens de origens diferentes. A mulher de 100 cabeças, um ícone do surrealismo feita por Ernst, utiliza a técnica de collage.
      Suas obras até hoje consideradas impactantes, muitas vezes, chocam o publico. Pois Max misturava símbolos eróticos e fabulosos, demoníacos e absurdos em suas obras, com cores brilhantes que faziam sua obra única. Levou o surrealismo aos seus limites com a forma irracional do estado dos sonhos, o que os psicanalistas chamam de inconsciente. Em suas colagens também inovava juntando objetos cotidianos com blocos de cimento e garrafas de leite.
      Não satisfeito em participar das artes como pintura e poesia, o versátil alemão Max Ernst participou do filme A idade do ouro, em 1930. 
        De 1941 a 1953 Ernst morou nos Estados Unidos, ganhando cidadania norte-americana. Foi casado com a Peggy Guggenheim, uma milionária em 1942. E em 1946 casou-se com a pintora surrealista Dorothea Tanning.
       Max Ernst foi e é considerado um grande nome do surrealismo. Voltou a morar em Paris em 1953.Seu nome já era famoso neste momento. Recebeu o Grande Prêmio de Pintura da Bienal de Veneza. Anos depois foi realizada, pelo Museu Solomon R. Guggenheim uma retrospectiva das obras de Ernst. Um ano após a homenagem feita a ele, 1976, Ernst faleceu na em Paris dia 1 de abril.

Joan Miró

    Nasceu em barcelona, em 20 de abril de 1893. não completou os estudos, contrariando assim o pai. Em 1912, concordou com os pais de ingressar em uma escola de arte em barcelona, lá estudou com Francisco Galí, que apresentou-lhe às escolas de arte moderna de Paris.
    Mediante a destruição dos valores tradicionais, ele apresentava uma visão despojada de preconceitos que eram buscados por artistas de escolas fauvistas e cubistas. Tentava em suas pinturas e desenhos, meios de expressão metafórica, que buscava conceitos da natureza em um sentido poético. Desta forma se aproximando bastante do dadaísmo e surrealismo.
    Trabalhou em Montroig e Maiorca, em 1915 até 1919, quando pintou paisagens, retratos e nus. Depois entre o período de 1925 a 1928, viveu em Montroig e Paris, pensando apenas no dadaísmo e no surrealismo. Após uma viagem aos países baixos, os elementos figurativos voltaram a aparecer em suas obras, graças ao seu estudo das pinturas dos realistas do século XVII.
       Seu trabalho começou a ser valorizado na década de 1930, quando Miró produziu cenários para balés e seus quadros passaram a ser expostos em galerias francesas e americanas, além de se interessar pela arte monumental e mural, pelas tapeçarias que realizou em 1934. Miró se encontrava em Paris quando explodiu a guerra civil espanhola, que foi um acontecimento que influenciou suas produções artísticas naquele período.
     Durante a segundo guerra mundial, voltou a Espanha e pintou a obra "Constelações", que representa o poder do cosmos contra forças anônimas da corrupção política e social que causam a miséria e a guerra. 
      Em 1948, acabou dividindo seu tempo entre Espanha e Paris. Nesse período começou vários trabalhos de conteúdo incrivelmente poético, cujos temas são as variações sobre a mulher, o pássaro e a estrela. Em algumas obras fez questão de mostrar a espontaneidade, enquanto outras apresentam técnicas muito elaboradas, que acabam aparecendo também e suas esculturas. Acabou assim, se tornando mundialmente famoso expondo seus trabalhos em vários e vários países.
      Ganhou o prêmio de gravura da Bienal de Veneza em 1954, e quatro anos mais tarde, ganhou o mural que realizou para o prédio da UNESCO. E no ano de 1963, todas suas obras foram expostas no Museu de Arte Moderna de Paris. Joan Miró morreu em Palmas, Espanha, em 25 de dezembro de 1983.
      Umas de suas principais pinturas foram, Nord-Sud, 1917 óleo ; Retrato de bailarina espanhola, 1921, óleo; O Carnaval de Arlequim, 1924, óleo; Interior holandês (três pinturas em óleo), 1928; Caracol, mulher, flor e estrela, 1934; Mulher e pássaros ao amanhecer; Una estrela acaricia o sonho de uma negra, 1938, óleo; Azul, 1961, óleo; Personagem diante do Sol, 1968, pintura em acrílico e A esperança do condenado a morte, 1974. Mas além de de pinturas, Joan Miró também teve muitas esculturas famosas, como Pássaro lunar, 1946-1949 (escultura em bronze); Pássaro solar, 1946-1949 (escultura em bronze); Relógio do Vento, 1967 (escultura em bronze); A carícia de um pássaro, 1967 (escultura em bronze); Cachorro, (escultura em bronze); Miss Chicago, 1981 e Mulher e Pássaro, 1983 (escultura em cerâmica).

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Mas afinal, o que é o Surrealismo?

      As vanguardas - do francês “avantgarde”, termo que dá nome ao avanço de pelotão -europeias tinham como principal motivação a ruptura do conceito de representação da época, queriam recriar o modo de fazer arte, questionar a maneira não moderna de se fazer poemas (e prosa), pinturas, fotografias e cinema do século XIX. Das diversas tendências criadas durante e pós Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Surrealismo é um dos que mais representaram essa nova forma de fazer arte. Com temas e modos de criação inéditos, os artistas conseguiram dar voz à estética e não deixá-la morrer “em suas obras vivas”. 
      O Surrealismo teve em André Breton seu principal teórico - ele, que escreve os dois manifestos da estética (o primeiro, lançado em 1924, é o marco inicial do movimento), é o principal idealizador, fala quem está ou não na vanguarda e é o principal pesquisador das novas técnicas de pensamento e escrita surgidas com a tendência. Ele pontua as principais características e vontades do Surrealismo: a adoração pelo Maravilhoso (o plano do sonho, do inconsciente, onírico) - “O maravilhoso é sempre belo, qualquer maravilhoso é belo, que seja belo somente o maravilhoso” (Manifesto do Surrealismo) - como a ampliação da realidade em direção ao imaginário; o uso da escrita automática - escrita automatizada, espontânea, não-dirigida, a busca da matéria primeira da linguagem que visa libertar o escritor de seguir as regras da literatura (principalmente dos romances, desprezados pelos surrealistas), assim escreviam sem parar, sem corrigir e não havia correções nos textos; a entrada nos estados de hipnose - o alcance real do inconsciente - que proporcionavam momentos de iluminação poética, transcritos após a saída da transe; a aproximação do movimento com a psicanálise de Freud - buscando entender melhor o plano onírico, o inconsciente. O Surrealismo também se revolta contra as regras da lógica, da razão, do bom-gosto, da moral, e de todas as formas de ideologia ou espírito crítico. Luta contra a alienação da sociedade, contra a aceitação dos valores pátria, família, religião, trabalho e honra. Procura a revolta absoluta, a insubmissão total.
      Por causa dessa vontade de aproximar o surreal à realidade, no primeiro momento de apresentação da estética, a rejeição da sociedade foi muito grande. Os quadros e artes plásticas causaram grande estranhamento, já que tinham um ar non-sense muito forte (qualquer tema não real era retratado: relógios derretendo, homens chuvendo, navios com borboletas sendo as velas). Algumas obras se aproximavam do dadaísmo (vanguarda criada por Tristan Tzara em 1916), porém, diferentemente desse, o surrealismo não tem “a negação pela negação” como verdade. Breton cria sua estética querendo sistematizar a negação, para que se torne afirmação - a subversão aos valores da sociedade com princípios e objetivos -, o dadaísmo queria espantar burgueses, algo que se torna desgastante com o passar do tempo.
      Além de Breton, Philippe Soupalt, Louis Aragon, René Magritte, Roger Vitrac, Paul Éluard, Antonin Artaud, Luis Buñuel, Salvador Dalí, Max Morise, Joseph Delteil, Max Ernst, René Crevel, Robert Desnos, Benjamin Péret, Victor Brauner, Giacometti, Joan Miró, Man Ray, Yves Tanguy, René Char, Georges Sadoul e outros artistas compunham o grupo de surrealistas da época do movimento (1924-1969). Alguns desses eram escritores como o próprio Breton e Philippe Soupalt, outros das artes plásticas como Salvador Dalí que fora também importante nas criações para o cinema.
      As principais manifestações surrealistas aconteceram na França (especialmente em Paris) onde Breton e muitos outros artistas nasceram. Porém, importantes mostras dessa tendência também se deram nos EUA (Nova Iorque) durante a Segunda Guerra Mundial onde alguns artistas estavam exilados. Depois da década de 30, há grande internacionalização do Surrealismo: artistas da Tchecoslováquia, Bélgica, Japão, Inglaterra, Dinamarca e outros países começaram a aderir ao movimento. 
      O Surrealismo acaba oficialmente em 1969 (Jean Schuster assina um documento dissolvendo o grupo), porém a garra e a determinação surrealista permanece em diversas ramificações da arte contemporânea - o desprezo aos romances não livres que seguem regras e padrões literários, a vontade de revolta, a subversão. As obras surrealistas foram essenciais para mostrar como “é tênue a distinção entre saúde e doença mental”.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Por que viemos, por que viemos, por quê?

Somos cinco: Ana, Bárbara, Bruno, Leandro e Lucas. Há um objetivo: quebrar nossas cucas pra recompô-las, assim, entendendo o que o subconsciente quer nos dizer e nos esconde. Um processo: não parar, NUNCA, não quebremos a linha de raciocínio. O motivo de tudo isso: Dê-me oito horinhas ali que te digo. Um astro: Breton. Uma musa: mamãe (obrigado pelos 50 pilas). Um deus: Deus. Uma cor: um azul bebê, meio salmão, com pitadas de dor e sonolência, talvez também com um amarelo gorgonzola escorrendo pela parede, e também um relógio que mostra o tamanho dos mosquitos. Ah, e se há algo mais a ser revelado: já sentimos saudade de nossos vinte anos. Talvez também valha a pena: que o leitor entenda que tudo o que está documentado aqui é para o vosso (e nosso) bem; mastigamos em pequenas partes pra que seja digerido levemente e enfim absorvido com total parcimônia (é essa palavra mesmo que devo usar? já se foi...). Enjoy.