domingo, 13 de julho de 2014

André Breton

    
Nascido no dia 19 de fevereiro de 1896 na comuna francesa de Tinchebray, André Breton foi o precursor do surrealismo, o teórico mais importante para a vanguarda. O escritor e poeta é quem reúne amigos artistas (especialmente no ano de 1924, quando publica o “Manifesto Surrealista”) afim de criar algo além do dadaísmo o qual taxava de idealizar a “negação pela negação”.
     Breton teve educação rígida, no Collège Chaptal (escola secundária) começa a se interessar por Charles Baudelaire (poeta simbolista francês). Em 1913, por escolha de sua família, ingressa num curso de medicina - o que o fará residente de medicina durante a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). No ano seguinte, Breton publica poemas na revista “La Phalange”, assim se aproxima de Paul Valéry poeta que influencia Breton nos anos seguintes, principalmente após a “renúncia a escrever literatura, para explorar todas as formas de seu pensamento” (REBOUÇAS, 1996, pág 6).
      Em 1915, Breton é convocado pelo exército francês a entrar na artilharia para a Primeira Guerra, porém é enviado a um hospital em Nantes para trabalhar na área neurológica. Nessa época, começa a mandar cartas ao poeta Guillaume Apollinare - que aproxima Philippe Soupault a Breton. 
    Em 1916, conhece Jacques Vaché - que tinha um menosprezo pela tradição literária e insubordinação contra os valores da sociedade. Ele e a carnificina da guerra fazem com que Breton seja muito influenciado, ali começara o sentimento de mudança que irá florar anos mais tarde.
      No ano seguinte, Breton começa a se aproximar da psicanálise de Freud e com a loucura mental já que fora alocado no hospital psiquiátrico de Saint-Dizier. O precursor do surrealismo vê na loucura mental não só doença, mas também capacidade de criação, novas formas de pensamento.
      Em 1917, volta a Paris e começa a escrever para a revista Nord-Sud. Se aproxima de Soupault e Luis Aragon - que havia conhecido no hospital Val-de-Grâce. Dois anos depois, Jacques Vaché morre, o que afeta muito Breton, que crê ver em Tristan Tzara - preconizador do Dadaísmo - a reencarnação de seu amigo pela sua revolta e aversão à sociedade. No mesmo ano, Breton, Soupault e Aragon criam a revista “Littérature” (que diziam ter a literatura moderna e o menosprezo a “velharias poéticas”).
      Breton e Soupault escrevem, em 1919, o livro “Les Champs Magnétiques”, que apresentava a “escrita automática” - escrita sem premeditação, sem plano, tema ou correções. Esse tipo de escrita procura “a matéria prima da linguagem”, é algo espontâneo (contempla o maravilhoso, a falta de lógica do surrealismo). 
      Em 1920, Tzara chega em Paris, assim manifestações dadaístas são realizadas, e Breton as colabora. Ele, porém, não era de acordo com as ideias Dadá - “espantar os burgueses pode-se tornar desgastante” (REBOUÇAS, 1996, pág 7).
      Em 1922, Breton organiza o "Congresso Internacional para a Determinação e Defesa da Tendências do Espírito Moderno" como forma de fazer o dadaísmo deixar o espírito infantil e reunir diretores de revistas e poetas da época. Tzara sabota o congresso alegando que “Dadá não é moderno”.
      Em 1924, cansado de tantos romances e do Dadaísmo, Breton lança o “Manifesto Surrealista”, no qual fala da nova tendência literária, da escrita automática, do maravilhoso, da crítica à realidade e à razão, da loucura. O manifesto é o marco do início do Surrealismo, e é escrito por Breton por causa de suas amizades com os outros autores apoiadores do movimento.
      Em 1926, conhece Nadya, uma paciente psiquiátrica, que o inspira a escrever “Nadya”, livro no qual fala sobre o acaso, o amor. Em 1927, Breton entra no Partido Comunista Francês (leu o livro de Trotski sobre Lenin) , porém é expulso em 1933. 
      Em 1929, Breton lança o Segundo Manifesto do Surrealismo (no último número da  revista “La Révolution Surréaliste””). Nele, Breton coloca alguns poetas na “lista negra”, entre eles Rimbaud e Baudelaire (a quem antes admirava). Também critica os comunistas por sua visão não tão abrangente do mundo, e critica alguns artistas surrealistas que aderiram à ideologia. Nessa época alguns artistas aderem ao Surrealismo, entre eles Salvador Dalí.
      Na década de 30, o movimento literário se internacionaliza, conferências se realizam em alguns países da Europa e Breton sempre se apresenta nelas. Em 1938, Breton viaja ao México, onde encontrase com Trotski. Juntos escrevem “Por uma arte revolucionária independente” - o que aumenta as divergências entre surrealistas e comunistas.
      Durante a Segunda Guerra Mundial, Breton serviu na ala médica do exército francês, porém foge com ajuda de americanos para os Estados Unidos em 1941. Em 1942, organiza em Nova Iorque a “Exposição Surrealista de Nova Iorque”. 
      Em 1946, volta à Paris, onde continuou o movimento literário com exposições, revistas e poemas. Nesse tempo, o Surrealismo já havia chegado a um nível muito alto de reconhecimento. Em 1966, Breton, com 70 anos, falece em Paris, onde foi enterrado. Na notícia fúnebre, apenas constava “André Breton, 1896-1966, Procuro o ouro do tempo”.
      Bretón foi o mais importante escritor e teórico do Surrealismo, escreveu seus dois manifestos, chefiou a vanguarda (colocando e tirando artistas do movimento) e fez da sua procura pelo maravilhoso uma obra viva.

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