domingo, 13 de julho de 2014

A recepção, em 2014, do Surrealismo

Seria o Surrealismo arte? O que as pessoas pensam dos quadros dessa tendência aparentemente errada à primeira vista?

      O ser humano é um animal social, precisa se expressar e ser entendido, falar e ser ouvido, desenhar suas opiniões em livros e quadros e ter aplausos calorosos ou vaias árduas. Através do tempo, temos mudado o jeito que nos comunicamos e os canais pelos quais nos exprimimos, o avanço tecnológico e as novas tendências dão vazão à esse tipo de mutação. A partir disso, o homem fez da arte seu mais importante meio de expressão - assim, o caminho que mais se modificou com o passar dos anos. Seja escrita, desenhada ou moldada, a arte sempre acompanhou acontecimentos históricos (revoluções), movimentos sociais e manifestações de quaisquer natureza. De todas as fases experimentadas pela arte, o Surrealismo tenha sido, possivelmente, a mais interessante - por sua aproximação com o plano dos sonhos, a busca do maravilhoso (belo), o uso das ideias de Freud (a psicanálise), e assim, o completo distanciamento da realidade e dos padrões de produção literária. Visando isso, perguntamos à dez pessoas (de idades e trabalhos diferentes) se consideravam três obras - “Sonho Causado pelo Vôo de uma Abelha em Redor de uma Romã, um Segundo Antes de Despertar”, “Vestígios Atávicos Depois da Chuva” e “Espectro do Sex Appel” - do Salvador Dalí - um dos pintores icônicos do movimento - arte.
      Os entrevistados tiveram consistência nas suas respostas, ou todas eram arte ou nenhuma. Os que afirmaram - sete dos dez entrevistados - que as viagens oníricas de Dalí eram arte tiveram porquês muito parecidos, que se resumem em “a arte é obra de expressão, representação, é através dela que o artista manifesta seus desejos, vontades, rebeldia, pensamentos, assim independe se ele fala dos seus sonhos ou da Revolução Francesa, é arte, há algo sendo expresso, e nessas obras há muito do ser de quem as desenhou” - fala de um entrevistado técnico em informática. Os três que disseram que não eram arte os quadros mostrados divergiram um pouco em suas opiniões (curiosamente se encontravam no mesmo lugar). O primeiro, um balconista, afirmou que Dalí é “tão arte quanto políticos são honestos” e que “não tem nada nisso que seja belo ou significativo, é apenas um monte de coisas misturadas sem sentido nenhum”. O segundo entrevistado - um garotinho de nove anos disse - não ser arte por não conseguir entender aquilo, não estava acostumado com “desenhos que não têm árvores, cães, um Sol e algumas nuvens”. O último que discordou com os devaneios de Dalí disse que “a falta de lógica dessas obras faz que não sejam arte, não há o que se admirar, não contradiz nada”. (Todas as opiniões foram dadas posterior explicação do que é Surrealismo e suas ideias).
      A pesquisa se mostrou bastante positiva, 70% dos entrevistados pensavam que as obras surrealistas eram sim arte - e com certeza são pensando em seu impacto, ideário, expressividade e modo de representação. Muito disso vem porque é muito freqüente que nos deparemos com a arte contemporânea nas ruas - em grafites, pichações, bienais, movimentos sociais  - e na internet - com a globalização, que possibilita a aproximação das tendências de diferentes culturas. As intervenções artísticas também têm grande papel na quebra da ideia de que arte é regrada, fixa, com limites e requisitos, mas sim algo livre, com infinitas possibilidades de representação e expressão. É ótimo perceber que grande parte das pessoas está interessada em algo tão importante para a humanidade. O Surrealismo é bastante extremo - se comparado a outras tendências em sua forma de criação, sua aceitação demonstra que ainda há quem pense que a quebra de tabus e a subversão sejam necessárias - em situações específicas, como revoltas e manifestos. Sobre os que discordaram, talvez esses representem a parcela das pessoas que não tem esse tipo de visão (ou que não tem visão alguma, como o pequeno garoto). 
      Em suma, o Surrealismo está muito bem aceito pela população geral. O interesse dos entrevistados e o modo como afirmaram que faz parte da arte é fundamental na sociedade atual, que tanto carece de cultura.

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